Metrópole à Beira-Mar

O jornalista e escritor Ruy Castro descortina em seu livro um grande universo, muitas vezes desconhecido em seus múltiplos detalhes, do apogeu que o Rio de Janeiro viveu entre o final dos anos 10 e o final dos anos 20 do século passado.

“Metrópole à Beira-Mar” começa a narrativa apresentando o cenário da segunda metade da primeira década, a partir do final da Primeira Grande Guerra Mundial e a fatídica Gripe espanhola. Para espantar o drama e se preparar para o esplendor da nova década, o Rio entrou em 1919 celebrando a vida e a alegria com um carnaval apoteótico.

É desconcertante passear pelos perfis das mais diversas personalidades da imprensa, da vida cultural, artística, política, da ciência, no futebol, na luta das mulheres e numa mudança nos costumes, que transformaram o Rio de Janeiro numa capital efervescente em todo o país.

A partir desse momento a obra relata como a cidade era repleta de jornais, revistas, teatros e hotéis, principalmente no Centro.

Uma enorme geração de escritores-jornalistas agitou a vida da cidade, como João do Rio, Lima Barreto, Ronald Carvalho e Oswaldo Aranha.

Para espantar o drama e se preparar para o esplendor da nova década, o Rio entrou em 1919 celebrando a vida e a alegria com um carnaval apoteótico.

Na música, no teatro e nas artes plásticas, os talentos de Villa-Lobos, Pixinguinha, Bidu Sayão, Di Cavalcanti, J. Carlos, Sinhô, Ismael Silva, Noel Rosa, Mario Reis, Procópio Ferreira, Vera Janacópolus e Francisco Alves.

Intelectuais foram fundamentais para o apogeu do Rio através de suas personalidades empreendedoras como casal Eugênia e Alvaro Moreyra, Laurinda Santos Lôbo, Ademar Gonzaga e Roquete Pinto.

Num texto saboroso e com muita informação, Ruy Castro vai pontilhando sua história com esses personagens admiráveis, revolucionários, visionários e pitorescos, que marcaram os anos 20 da cidade maravilhosa.

No mergulho dentro das quase 500 páginas, nos causa um impacto a comparação entre o Rio atual e o apogeu que já viveu, como uma das cidades mais palpitantes do mundo.

No entanto, conhecer essa fase mágica da cidade é uma inspiração para acreditar que podemos promover uma virada e desenvolver uma nova era no Rio, espantando a Covid-19, um prefeito incompetente, corrupto  e baixo-astral e o vírus cruel da criminalidade.

João Maurício Carneiro

Jornalista

Foto da chamada: Acervo do O Globo. Foto da Matéria: Cia das Letras

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